“O que vou contar poderia ser catalogado como um filme de terror e como bom filme de terror o personagem mais importante é o assassino de Goble. Portanto não vou falar tanto das vítimas, as indústrias de conteúdo tradicional, mas de Google, Apple, Facebook e Amazon.” Assim iniciou sua palestra Juan Miguel Aguado, da Universidad de Murcia, no primeiro dia do Congresso Internacional: Jornalismo e Dispositivos Móveis.

Juan Miguel Aguado afirmou que, embora se fale muito de crise, o que está se passando na indústria de conteúdo é algo muito mais profundo. Ele fez inclusive uma analogia com a imagem de um Tsunami, questionando: “Onde estaremos?”

A resposta não pareceu tão óbvia: teremos a indústria de conteúdos tradicionais como um modelo de negócio ou despontam no horizonte outros modelos?De fato, temos um ecossistema digital. Afinal o que é o smartphone senão uma mini internet que levamos a todos os lugares?

Sincronização – Segundo Aguado as comunicações móveis determinam as tendências, embora ainda não tenha sido criado um modelo de negócio ideal neste cenário. “Há uma mudança na forma de consumo e a palavra-chave é sincronização”, disse ele defendendo que o conteúdo em nuvem pode ser um caminho na medida em que não depende do dispositivo.

Controle – Aguado destacou, ainda, que o dispositivo móvel não é compartilhado e que há uma relação mais estreita entre o usuário e seu telemóvel. Portanto, existe a possibilidade de controle de conduta e consumo. “É mais fácil entender o que o consumidor compra, onde vai, o que lê…”, disse Aguado. Este olhar antropológico e comportamental, enfim, obriga-nos a redefinir o conteúdo como núcleo da cadeia de valor, criando novos sistemas de distribuição, novas formas de consumo e novos modelos de acesso.

Relações sociais – “O conteúdo não é a fase final do processo, mas um meio para as relações sociais. Estamos no campo das egosferas (seu eu digital). O conteúdo passa a ter relação com a identidade”, afirmou Aguado.