Intervenções

“Construção de mobile web sites universais”


Em declarações ao Jornal Urbi et Orbi, João Canavilhas, docente e investigador da Universidade da Beira Interior, quando se refere ao jornalismo destinado a dispositivos móveis, declara o advento de uma nova forma de jornalismo que “se assemelha ao webjornalismo, mas com algumas particularidades que devem ser estudadas”.

A abrir o painel sobre “Aplicações Informáticas”, António Gil, da Dom Digital, direcciona a sua intervenção, precisamente, para a particularidade da produção de conteúdos considerando a existência de cerca de 5.000 dispositivos móveis diferentes. Na sua intervenção, António Gil, destaca a pretensão de automatismo e universalidade.

O director geral da Dom Digital iniciou a sua participação evidenciando a ideia da actual facilidade de produção de conteúdos considerando as ferramentas e tecnologias de que dispomos. Porém, difícil é a sua adaptação à “panóplia de dispositivos móveis existente”, considerando as variáveis com as quais é necessário lidar e atendendo à preocupação de reprodução com o máximo de qualidade possível.

Através de um gráfico de oportunidades, demonstra a existência de um mercado a explorar pelo jornalismo, sustentado em números que retratam o consumo actual destes dispositivos, dando como exemplo os modelos iPhone e iTouch. Refere que “um terço do uso dos dispositivos móveis é destinado a Mobile Midia” consumido por 4 em 10 utilizadores. Informou ainda que a principal utilização do Mobile Browsing está associada ao consumo de notícias, independentemente do seu género.

Porém, “a confusão tecnológica móvel”, como refere, é enorme. Há que considerar as diversas plataformas, os diferentes browsers disponíveis, a diversidade no que diz respeito aos acessos utilizados, as propriedades do ecrãs e por fim a variedade de linguagens áudio e vídeo, bem como os respectivos codecs, o que veio estipular em cerca de 5000, as hipóteses distintas de dispositivos móveis a considerar aquando da produção de conteúdos .

Actualmente, o mercado essencialmente norte-americano, disponibiliza algumas soluções que permitem a formatação e optimização automática desses mesmos conteúdos considerando a variedade de dispositivos receptores.

A Dom Digital, com o desenvolvimento do “Alfaiate” também contribui nesse sentido. O Alfaiate permite a optimização considerando um processo dividido em 4 fases: recolha de dados, optimização, publicação e adição de valor.

A título de conclusão, António Gil reforça a existência de uma oportunidade a explorar no que se refere ao jornalismo. O objectivo será atingir uma diversidade de sistemas móveis explorando as tecnologias disponíveis. O sonho a alcançar será o de “o jornalista produzir a sua notícia, uma única vez e reproduzi-la com qualidade nos vários sistemas móveis existentes no mercado”, procurando atingir o maior número de leitores possível.
Bruno Rego

Conteúdos jornalísticos para smartphones: estudo de aplicação para iPhone

As aplicações para iPhone serviram de estudo a João Canavilhas, docente e investigador da Universidade da Beira Interior.

O trabalho intitulado “Conteúdos jornalísticos para smartphones: estudo de aplicação para iPhone”, avaliou os produtos jornalísticos especificamente criadas pelos meios de comunicação já estabelecidos na Internet, mas especificamente para o telefone da Apple.

Este telefone concentra muitas das características inovadores dos vários smartphones e marcou uma era no mercado do sector. De acordo com o números apresentados pelo investigador, são mais de 50 milhões o aparelhos vendidos, onde podem correr as cerca de 70 mil aplicações disponíveis na loja de apoio do smartphone, a iTunes Store. Em termos técnicos, o iPhone representa um plano evoluído de capacidade multimédia e inovação, surgindo, ainda, com um design inovador, uma aposta da marca que o promove. Todos estes factores têm dinamizado empresas concorrentes da Apple a seguir o mesmo padrão, tornando-o em si mesmo um modelo de negócio.

O estudo avaliou 49 aplicações nativas de 14 países (29 de imprensa, 17 de televisão e seis de rádio) 19 dos Estados Unidos da América, cinco de França, quatro de Espanha e Grã Bretanha). Interessou perceber o Design das aplicações e campos de informação e características das notícias (semelhança na web).

Em termos de conclusões, as aplicações para o iPhone diferem do que é habitual ver na Internet, onde os portais que têm origem nos meios tradicionais – imprensa, rádio e televisão – têm uma configuração semelhante .“Nas aplicações para iPhone há um certo grau de divergência”, segundo os resultados do estudo.

Outra conclusão aponta para o facto do jornalismo que se faz para correr no iPhone não apresenta os mesmos índices do webjornalismo. Para o docente da UBI, uma justificação possível aponta para as dimensões reduzidas do ecrã, que não favorecem a usabilidade com links.

Por último, a “Mobilidade dos utilizadores não é bem explorada”. Ou seja, a localização geográfica do utilizador não tem servido para a produção de conteúdos específicos aos locais onde se encontra o mesmo. Para João Canavilhas, este “é um ponto onde os meios podem incentivar os utilizadores a pagarem este tipo de conteúdos”.
Rodolfo Silva

“Ainda não estão a ser desenvolvidos conteúdos para telemóveis”


“Llamada en espera: Periodistas inmóviles ante el periodismo móvil” foi o tema da comunicação apresentada por Josep Micó, professor na Universitat Ramón LLul (Espanha) e membro do Digilab – Laboratori de Periodisme Digital de Catalunya.

O professor espanhol partiu do trabalho realizado no âmbito de uma investigação que teve como principal objectivo averiguar que meios de comunicação da Catalunha estão a desenvolver conteúdos específicos para dispositivos móveis. Como indicia o próprio título da comunicação apresentada, as conclusões não são optimistas. Segundo o investigador, o panorama não é animador” porque “na Catalunha não se está a fazer nada nesta área”.

Para Josep Micó está claro que “ainda não estão a ser desenvolvidos conteúdos para telemóveis”. Aludindo à realidade dos media da Catalunha o investigador diz que estes estão parados num “semáforo vermelho, à espera, sem saber bem o que fazer”. Mas também os utilizadores estão numa situação semelhante.
O “jornalismo cidadão” foi um tema que esteve em cima da mesa. Com base nos resultados obtidos na investigação realizada, Josep Micó afirma que “os cidadãos não são jornalistas porque para isso é necessária uma série de requisitos e competências que o cidadão comum não tem. O que existe nos meios de comunicação da Catalunha (e de um modo geral, em Espanha) são mecanismos de marketing que servem para fidelizar a audiência”. Micó destaca contudo a importância dos media estarem presentes em redes sociais, por exemplo, considerado que não devem prescindir dessa oportunidade.

Quando começavam a vislumbrar-se alguns movimentos de esperança e algumas tentativas de inovação nesta área, “a crise obrigou as empresas a parar projectos”, conclui.

Catarina Rodrigues

Carlos Scolari – UVic

Carlos Scolari, professor e investigador da Universidade Vic, apresentou uma conferência sobre o tema “mComunicación: el surgimiento del ‘new new media’ en el ecosistema mediático”. Tendo como ponto de partida o conceito “Ecologia dos Meios”, Scolari relembra que a questão surge nos anos 70 com McLuhan e Postman. Os meios de comunicação começaram então a ser vistos de forma integral, numa convergência epistemológica dos mesmos: deixa então de ser possível analisar, isoladamente, os efeitos de um meio, citando como exemplo a dificuldade contemporânea de analisar a televisão sem falar de vídeo-jogos.
Na rapidez de surgimento dos novos meios, Scolari afirma que, apesar de ainda nos encontrarmos a estudar os efeitos da Internet, surge agora um novo meio de comunicação e informação: o telemóvel. Tal como na ecologia, cada entrada de um novo meio gera novos acomodamentos em todos os restantes meios, o que pode mesmo levar à extinção de alguns. No mapa das novas relações e adaptações, Scolari alerta para a necessidade de repensar e readaptar os novos formatos aos outros meios. Como aconteceu nos anos 90, quando a Internet foi buscar grande parte dos seus conteúdos à imprensa, é importante definir em que formatos se deve basear a informação para telemóvel: áudio, vídeo ou simples informação escrita, em conteúdos sintéticos de rápido consumo.
Numericamente, Scolari sublinha que o volume de possível negócio neste novo meio de comunicação é gigantesco: em todo o mundo circulam 4.900 milhões de telemóveis, sendo que destes 600 milhões têm acesso regular à Internet. Como exemplo concreto, Scolari cita ainda o número de empresas que, em Barcelona, se dedicam ao novo meio. Tratando-se ainda de um mercado pequeno, a grande maioria das produções é adaptada dos meios anteriormente criados. Deverá assim surgir uma nova gramática da imagem? Sendo este o primeiro meio de comunicação pessoal, que não partilhamos com outros utilizadores, deverão as empresas de conteúdos estar atentos a este novo mercado, nomeadamente a novos nichos ainda não explorados, como o sector da educação? O professor e investigador defende que sim.
Ana Catarina Pereira

Jornalismo e Telemóveis – António Fidalgo

O professor António Fidalgo, da Universidade da Beira Interior, abriu o 1º Encontro da Montanha, apresentando dois textos sobre Jornalismo e Redes Móveis (Todos os jornais no bolso – Pensado o jornalismo na era do celular; Pushed News – When news come to the cellphone).

A presença dos telemóveis como um dos principais meios da era moderna e que forma deve adoptar o jornalismo neste meio foi destacada pelo professor, que apresentou uma das principais características que distingue o telemóvel dos restantes meios, como este sendo dotado de uma recepção passiva (tecnologia push). A recepção de SMS e chamadas é feita sem qualquer acção por parte do utilizador.

Por oposição a esta tecnologia push, o professor António Fidalgo apresenta a tecnologia pull, que encontramos no computador, implicando uma procura de informação por parte dos utilizadores.
Estas duas formas de recepção, que segundo António Fidalgo, obedecem à natureza dos próprios sentidos. Dentro destes, o destaque vai para a audição que é passiva, ao contrário da visão, muito activa. Esta ligação à audição e à visão, que nos ajuda a perceber a tecnologia push e pull.

No que diz respeito à recepção das notícias nos telemóveis, António Fidalgo apresentou como um dos factores cruciais da tecnologia push, a recepção das notícias através de alertas. Uma vez que o telemóvel, ao contrário de todos os outros meios, está ligado 24h por dia.

Um outro aspecto destacado por António Fidalgo, é a possibilidade desta tecnologia push servir como um filtro entre o que são consideradas hard news e o que é informação considerada superficial e sem interesse.

A possibilidade de o telemóvel ser capaz de reunir todos os outros meios, ou seja, o telemóvel como show case de todos os outros meios também mereceu destaque por parte do professor António Fidalgo.

O professor António Fidalgo terminou a sua intervenção salientado que é importante investigar a forma como os telemóveis se podem apresentar como o meio que pode universalizar a recepção das notícias, tendo sempre como ponto de partida a questão da tecnologia push.
Ricardo Morais