António Granado, Jornalista, editor do publico.pt, professor de Jornalismo na Universidade Nova de Lisboa, falou-nos do “Jornalismo móvel: entre o sonho e a realidade” integrado no painel Meios de Comunicação – “o painel da dura realidade da comunicação social” como ele o renomeou.

Começou por fazer um estado da arte através da apresentação de uma série de gráficos retirados do relatório da WAN 8.4 – Winning Mobile Strategies, comprovativos das taxas de crescimento no uso do telemóvel para recepção de dados nos últimos anos. Em 2001, a Europa registava 60% de utilização de telemóvel unicamente para serviços de voz. Em comparação, em 2006, o uso exclusivo do telemóvel para serviços de voz passou a ser de 20%. O mesmo relatório apresenta uma projecção dos próximos quatro anos para os EUA segundo o qual a taxa de crescimento em gastos em publicidade móvel chegará a atingir os 69,9% no ano de 2012, e os 3330 Milhões de Dólares em 2013.Ficou assim claro para todos que o uso do telemóvel se alterou nos últimos anos. O telemóvel é já, actualmente, um interface de acesso a informação.

Apesar da clara evidência do poder do meio, da adesão dos utilizadores e da sua viabilidade económica, o autor não escondeu o desânimo por nada disto constituir a realidade do Público. Um ano volvido sobre a abertura da versão para iPhone, este meio representa já 0,6% dos leitores. No entanto, não existe efectivamente um investimento do jornal neste novo meio de comunicação.

Nos últimos anos, o Público tem apostado essencialmente em serviços de “sms” e “mms” para a Vodafone e a Optimus, sob forma de alertas.

Uma das primeiras tentativas do Público para desenvolver um jornalismo móvel foi a difusão de notícias através de pacotes de informação disponibilizados pelas operadoras de telecomunicações. São exemplo “o público móvel”, “os jogos da sorte” e “a revista de imprensa”, todos disponibilizados pela Optimus.

Outra experiência aconteceu em 2007 com o lançamento do site para telemóvel – móvel.publico.pt. Um site muito simples, sem recurso a qualquer elemento multimédia, no qual as notícias são apresentadas apenas sob forma de texto, tornando-o mais leve e, consequentemente, mais económico.

Desde de Outubro de 2008 passou a disponibilizar o i.pubico.pt para a plataforma iPhone. Apesar dos gráficos apresentados ilustrarem o franco crescimento do número de leitores através dos dois portais móveis, a produção de conteúdos do Público para este meio é “Zero”. As notícias da página Web são utilizadas directamente para as plataformas móveis.

O autor afirmou não haver jornalismo móvel no Público por falta de investimento e de visão do que pode ser o futuro das comunicações móveis. Sem conteúdos não há venda de pacotes de dados. A falta de recursos humanos no desenvolvimento de conteúdos para a plataforma móvel é outro dos problemas apontados pelo Professor António Granado.
Cláudio Ferreira