Sylvia Moretzsohn faz uma crítica a Gillmor quando discorda da sua afirmação de que o comum cidadão pode desempenhar o papel de jornalista”.
Será que podemos concordar totalmente que se diga que apenas e só devido à evolução das novas tecnologias e à facilidade ao seu acesso podemos dizer que qualquer um tem o direito de se dizer jornalista?
Sylvia Moretzsohn tem razão na sua crítica, que desde já se pode considerar bem fundamentada. Não pode qualquer um chegar a uma rede social ou a um blogue e escrever aquilo que quer e depois dizer que é jornalista. Para uma notícia/artigo ser publicado tem de existir uma averiguação, os factos têm de ser confirmados, para que possamos ter a certeza da veracidade faz fontes e da notícia.
Então e o conhecimento de regras? E a ética jornalística? Não é justo falar em “ser jornalista” sem se aplicar a ética profissional, sem saber códigos e regras. Se nas outras ofícios os profissionais têm que se reger por leis e normas o jornalista não pode nem deve afastar-se dos seus deveres profissionais, da sua missão, do seu código deontológico. Se assim não fosse para que existiria a Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) e os códigos deontológicos?
Não podemos correr o risco que qualquer um escreva aquilo que quer, assumindo o papel do jornalista. Se o corrermos pode estar em causa a credibilidade dos verdadeiros jornalistas, daqueles que se empenham pela noticiabilidade dos factos e acontecimentos.
E como é referido no excerto “o jornalismo exige uma qualificação específica que o cidadão comum, por maior empenho que coloque no seu blog não tem”.

(A partir do texto “Especificidade epistemológica do Jornalismo”, de António Fidalgo)