Cada vez mais se discute não só aquilo que deve ser interpretado como notícia, mas também o que são hoje os valores notícia. A facilidade com que a informação se espalha hoje, através das vias web, mudou completamente a percepção daquilo que é a notícia,  a forma como a vemos e também a legitimidade de quem a faz.

Num artigo publicado em 1940, intitulado “News as a Form of Knowledge: A Chapter in the Sociology of Knowledge”, Robert Park estabelece algumas condições sobre a notícia. Esta é acima de tudo, um facto isolado. Uma notícia não é uma história, é um acontecimento. Parks afirma, que “O jornalista apenas se interessa pelo passado ou futuro em ordem a lançar mais luz sobre o evento presente. É que as notícias vivem apenas no presente, são notícias apenas enquanto são novas, e portanto são um bem perecível, como o sabem melhor que ninguém as direcções dos órgãos de comunicação social.” A notícia deixa de ser notícia quando o público se deixar de interessar por ela.

Pode assim ser a notícia vista como o resultado de um acto social? Claro, pode e deve. A chamada opinião pública existe sempre e pode ser produtor e resultado de um elemento noticioso. A mão do público é extremamente importante e Park chega a assegurar que o que faz a notícia é o interesse por ela. O jornalista deve sempre aceitar a legitimidade do público enquanto interveniente e consumidor das suas histórias. A notícia é feita pelo público. Cabe ao jornalista relatá-la, conferindo-lhe o cunho noticioso.

(citações em“Especificidade Epistemológica do Jornalismo”, de António Fidalgo)