Nos dias correntes fruto das novas tecnologias encontra-se na web uma panóplia de acontecimentos relatados que nos fazem questionar até que ponto a profissionalização dos jornalistas está ameaçada.

Partindo deste princípio, Sylvia Moretzsohn crítica duramente a afirmação de Dan Gillmor em que o futuro do jornalismo irá assentar no jornalista cidadão.

A tese de Sylvia Moretzson faz todo o sentido porque não basta juntar uma centena de vocábulos num relato de um acontecimento para nos reportarmos a esse facto como uma notícia.

O jornalista para elaborar uma peça, tem de equacionar, ter perceção e averiguar o valor noticioso do conteúdo que publica.

Um acontecimento tem valor noticioso quando descrito por um cidadão que é responsável pela verificabilidade do enunciado, ou seja um jornalista, e não um mero cidadão que possuindo, por exemplo, uma rede social publica determinado acontecimento sob pena de por o que descreve ser chamado à razão.

Tem de haver um conhecimento das regras que norteiam a profissão de jornalista, designadamente o código deontológico para que o acontecimento relatado tenha plausibilidade, assim não sendo, não confirmando a informação, não podemos dizer que estamos perante um relato jornalístico de credibilidade. O local onde se publica também é muito importante para auferir a veracidade da informação, pois os jornais, rádios e televisões registados na ERC têm de obedecer aos critérios que regulam a profissão jornalística e desta forma possuem um gatekeeper que filtra e avalia o que é ou não é notícia.

Para bem do jornalismo espero que nunca se credibilize as informações passadas por um mero cidadão, mas sim que se usem como um ponto de partida para que os meios de comunicação creditados e respetivos jornalistas possam averiguar a informação e ver se tem valor noticioso.

   Artigo baseado no texto a especificidade epistemológica do jornalismo de António Fidalgo