A expressão ganha força com o surgimento de ferramentas de publicação e edição online como wikis ou blogues e através da popularização do telemóvel ou da câmara digital. Propiciado pelas características do online, o jornalismo do cidadão emerge da colaboração entre jornalistas e cidadãos na produção de conteúdos noticiosos. (A título de exemplo o conteúdo informativo da wikipédia é produzido por cidadãos, mas gerido por jornalistas.)

A questão que se coloca é a de que o jornalista está integrado num procedimento no qual não existe, por vezes, distinção entre comunicador e massa receptora de informação. Embora haja este desvanecimento de fonteiras, entre a voz de um cidadão activo e o trabalho de um jornalista profissional, fomentado por uma lógica de participação incentivada pelos próprios media, a profissão encontra-se salvaguardada. Cabe ao jornalista “abandonar a posição arrogante de que são eles que sabem (…) o que é e não é notícia” e fomentar a “participação cívica” (*).

O jornalismo encontra a sua especificidade epistemológica, na medida em que é reconhecido em enquanto profissão; domínio especializado. Como tal, o seu papel social de mediador da informação é crucial “(…) numa era de exponenciação de informação, e correspondentemente da sua fragmentação, que os jornalistas profissionais se tornam mais necessários”(*).

A legitimidade da profissão de jornalista é igualmente defendida por João Carlos Correia (2009), referindo que “o enunciado jornalístico é produzido por indivíduos dotados de um conjunto de saberes e competências (…) em torno de uma determinada relação com a verdade, como um valor fundamental”. Neste sentido são atribuídas ao jornalista “competências especializadas, princípios e valores partilhados que podemos classificar de elementos ideológicos que lhes procuram conferir legitimidade”.

Na perspectiva do cidadão, que adere a esta prática, este encara-a como uma forma de democratizar a informação, no que respeita ao acesso ao conteúdo noticiado, pois assume uma atitude de colaborador e não apenas de leitor/espectador passivo.

(*) António Fidalgo, “Especificidade Epistemológica do Jornalismo”, 2008.
João Carlos Correia, “Teoria Crítica do Discurso Noticioso”, 2009.